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Forno a gás x Forno micro-ondas

Na hora que bate aquela fome, umas das grandes mudanças que o mundo moderno nos trouxe é a praticidade da comida congelada. Mas você já parou para pensar qual alternativa de aquecimento do seu prato preferido provoca um maior impacto ambiental?

Para responder a esta pergunta, a Iniciativa Verde desenvolveu um pequeno estudo que compara as emissões de CO2 provenientes do aquecimento de uma lasanha de dois modos: no forno a gás e no forno micro-ondas. O quadro abaixo é um comparativo de algumas diferenças de cada opção de aquecimento.

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É isto mesmo, a emissão do forno a gás é 44 vezes maior do que a do forno micro-ondas para exercer a mesma função: esquentar uma lasanha de 650g. Mas qual a explicação para tamanha diferença?

O gás de cozinha, também conhecido como Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), é um combustível fóssil. Dessa maneira, o carbono que estava estocado no subsolo há milhões de anos é liberado durante a queima e contribui diretamente para o aquecimento global. Além disso, o tempo de aquecimento no forno a gás é bem maior, o que também contribui para essa diferença significativa.

O forno micro-ondas utiliza uma tecnologia bastante eficiente: as micro-ondas são um tipo de onda eletromagnética, similares às da luz e às do rádio. Elas podem ser absorvidas em forma de calor por moléculas de água, o que causa o aquecimento dos alimentos. Dessa forma, o tempo de aquecimento é bem menor do que da primeira opção. Outro fator essencial é a matriz elétrica brasileira; cerca de 80% da eletricidade gerada no país provém de hidroelétricas, uma alternativa renovável e bastante limpa no que se refere à emissão de gases de efeito estufa. Isso quer dizer que se o mesmo estudo fosse feito na China ou nos Estados Unidos, o resultado seria bastante diferente.

Mas não é preciso ficar assustado nem jogar seu velho fogão fora. Se você tem a preferência por utilizar o gás para cozinhar ou aquecer seus alimentos, pode continuar sem peso na consciência. Dê preferência a modelos mais eficientes e procure manter o forno bem regulado para que não haja desperdício de gás. O nosso impacto ambiental é formado por uma série de atividades de nosso dia-a-dia e é importante conhecer mais sobre o assunto para podermos fazer nossas escolhas cotidianas.

Banho quente: chuveiro elétrico ou a gás?

O chuveiro elétrico é considerado por muitos um grande vilão do meio ambiente, pois é um dos equipamentos que mais consomem energia elétrica em uma residência. Mas será que a substituição deste aparelho barato que garante os nossos banhos quentes por um caro sistema de aquecimento a gás natural é vantajosa para o meio ambiente?

Para responder a esta nossos técnicos, fizeram os cálculos e chegaram a uma conclusão que deve surpreender muita gente.

O chuveiro elétrico realmente é a principal fonte de consumo de energia elétrica na maioria das residências do Brasil, o modelo mais popular do país possui uma potência de 5500W. Apenas como comparação, um aparelho de televisão de 29 polegadas possui uma potência média de aproximadamente 100W.

 

Já o chuveiro a gás tem sido amplamente difundido pelos benefícios econômicos ao usuário. A instalação de um equipamento de aquecimento de água com gás natural possui um investimento inicial elevado, mas devido ao baixo custo do gás no Brasil, ao longo dos anos a economia obtida acaba fazendo o investimento valer à pena.

Para realizar os cálculos de emissão de gases de efeito estufa, foram considerados 30 banhos diários de 15 minutos cada, ou seja, uma pessoa que toma um banho com duração de 15 minutos diariamente durante um mês. Para conseguir tomar um banho quente diariamente utilizando o chuveiro elétrico a emissão mensal de dióxido de carbono decorrente destes 30 banhos é da ordem de 2 kg de CO2e. Esta emissão é proveniente da geração de energia elétrica, que no Brasil ocorre por meio de hidrelétricas, termelétricas e biomassa.

No caso do chuveiro aquecido pelo gás natural, utilizando-se o mesmo cenário anterior, a emissão decorrente de um mês de banhos é da ordem de 19 kg de CO2e, ou seja, quase dez vez mais que as emissões oriundas da utilização do chuveiro elétrico! Porque ocorre uma diferença tão grande?

Isto ocorre porque o gás natural, embora tenha este nome “natural”, é um combustível de origem fóssil, assim como o petróleo e o carvão mineral. Já a matriz elétrica brasileira é extremamente limpa no que se refere à emissão de gases de efeito estufa, pois cerca de 80% da energia que consumimos no Brasil, como dito acima, é oriunda de usinas hidrelétricas, que é uma fonte de energia limpa e renovável. Entretanto, se a mesma comparação fosse feita em outro país, com uma matriz elétrica mais “suja” como é o caso dos Estados Unidos e China, o resultado final seria bastante diferente.

É importante deixar claro que esta comparação refere-se apenas a emissão de gases de efeito estufa, uma das categorias de impacto ambiental existentes. Para poder afirmar que o chuveiro elétrico realmente causa menos impactos ao meio ambiente do que o chuveiro a gás é necessário fazer uma Análise de Ciclo de Vida (ACV) de ambos. A ACV é uma ferramenta extremamente complexa que analisa todas as etapas de cada alternativa, desde a extração da matéria-prima para a fabricação de cada um dos componentes do sistema até o descarte final. Além disso, a ACV não se restringe apenas a emissões de gases de efeito estufa, levando também em consideração outros impactos ambientais importantes.

Assim, a dica é utilizar o chuveiro elétrico sem remorsos, porém com parcimônia, evitando o desperdício de água e uma conta de energia elétrica alta no final do mês.

Ricardo Dinato, técnico da Iniciativa Verde