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Um restauro florestal visto pelo Google Earth

O Google Earth é um programa de computador desenvolvido e distribuído pela empresa americana Google cuja função é apresentar um modelo tridimensional do globo terrestre, construído a partir de mosaico de imagens de satélite obtidas de fontes diversas, imagens aéreas (fotografadas de aeronaves) e GIS 3D. Desta forma, o programa pode ser usado simplesmente como um gerador de mapas bidimensionais e imagens de satélite ou como um simulador das diversas paisagens presentes no Planeta Terra. Com isso, é possível identificar lugares, construções, cidades, paisagens, entre outros elementos. O programa é similar, embora mais complexo, ao serviço também oferecido pelo Google conhecido como Google Maps.

Ao contrário do que algumas pessoas pensam, as imagens do Google Earth não são exibidas em tempo real. As imagens são atualizadas ao longo do tempo, às vezes com muitos anos de diferença entre uma imagem e outra. Por nossa sorte, um de nossos primeiros restauros florestais teve a imagem atualizada recentemente.

Trata-se do restauro realizado em São Carlos (SP) no final de 2006. O programa apresenta uma imagem de junho de 2005 e uma nova imagem de outubro de 2010; ou seja, temos como verificar o antes e o depois desta área. E o mais interessante é que qualquer pessoa pode fazer isto de sua própria casa, sem gastar nenhum centavo. Veja os passos para “ver a mata crescer”:

1. Faça o download do programa Google Earth. Isto pode ser feito pelo site: http://www.google.com.br/intl/pt-BR/earth/download/ge/agree.html

2. Instale o programa em seu computador

3. No canto superior esquerdo, na aba “Voar para”, digite as coordenadas geográficas deste restauro (-22.155° -47.848°) e aperte enter

4. O programa vai te levar até a área do restauro, mostrando a seguinte imagem:

5. Clique no botão  na barra superior do programa (Mostra imagens históricas)

6. Ao aparecer a linha do tempo, clique duas vezes na seta à esquerda e veja como era a área antes do restauro florestal realizado pela Iniciativa Verde. A seguinte imagem será exibida:

A mata mais escura, que pode ser vista na primeira imagem, representa as árvores plantadas pela Iniciativa Verde, que hoje já ultrapassam os 4 metros de altura. Conforme mais imagens forem atualizadas pela equipe do Google, mais áreas de restauro poderão ser monitoradas por toda a população. É a tecnologia a favor do meio ambiente!

O mito do Carbono Zero – Acervo: 29/09/2008

O mito do carbono zero
Publicado em 28.09.2008 no Jornal do Comércio

A denominação carbono neutro, para designar preocupação ambiental, está mais difundida do que nunca. No entanto, pode não passar de propaganda

Angela Fernanda Belfort

Produtos, empresas e até eventos fazem questão de divulgar que são carbono neutro ou carbono zero. Essa denominação se enquadra para aqueles que encontraram uma maneira de neutralizar todas as emissões de carbono, que são feitas quando se produz qualquer coisa – desde um carro até um seminário. As emissões dos gases que contribuem para o efeito estufa, como o carbono, são feitas quando, por exemplo, se queima combustível fóssil. Nessa neutralização, são implantadas ações que reduzem o efeito dessas emissões. O nome carbono neutro está em tantos lugares, mas não existe qualquer órgão público federal ou estadual monitorando se essas iniciativas resultam, de fato, na compensação do que está sendo divulgado.

“Várias dessas empresas fazem do carbono zero uma estratégia de marketing e não se preocupam em comprovar se realmente está ocorrendo a compensação dos gases que elas produziram”, comenta o consultor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Projetos, Leonardo Ciuffo Duarte. A compensação mais comum que está sendo feita por Organizações Não-Governamentais (ONGs), Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscips) e consultorias é o plantio de árvores, como forma de compensar a quantidade de carbono ou de gases que provocam o efeito estufa que foram emitidos para a atmosfera. No seu crescimento, as árvores retiram o carbono da atmosfera.

Em São Paulo, já existem pelo menos 10 consultorias que calculam quanto de carbono o plantio de árvores pode sequestrar da atmosfera. “No nosso cálculo, sabemos que uma árvore da Mata Atlântica cresce por 37 anos e durante esse período ela vai sequestrar 190 quilos de gás carbônico. Mas há projetos que dizem que apenas uma árvore absorve de 400 quilos a 1.000 quilos (uma tonelada) de carbono por ano”, disse o diretor de comunicação da Iniciativa Verde, David Dieguez, acrescentando que tem empresas que fazem a compensação de forma correta e “outras não tão corretas”. A Iniciativa Verde é uma Oscip que faz projetos de restauro florestal.

“Defendemos que a secretaria do Meio Ambiente de São Paulo deveria publicar um manual de boas práticas em relação aos programas de compensação de emissões, porque isso iria orientar as empresas que atuam no setor e também a população para acompanhar esses projetos”, comentou Dieguez.

O próprio ministério da Ciência e Tecnologia admite que este é um mercado voluntário e que não há qualquer regulação. “Falta certificação que comprove que está ocorrendo essa compensação do carbono”, comentou o consultor da FGV Projetos. A sugestão dele é que as empresas que fazem esse tipo de iniciativa deveriam utilizar uma metodologia parecida com aquela que é utilizada para que as empresas vendam crédito de carbono. Nesse caso, elas obedecem cálculos que são os mesmos em qualquer lugar do planeta, com variáveis definidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) e também passam por certificações feitas por auditorias internacionais.

A maioria dos executivos e diretores que trabalham nessa área dizem que as empresas estão aderindo ao carbono neutro principalmente por uma questão de estratégia de marketing, que é interessante para as companhias. A natureza agradece pelo plantio das árvores, mas é difícil ter certeza que as empresas estão neutralizando, realmente, todas as suas emissões.